terça-feira, 21 de abril de 2015

Gigi e o Zepelim


Ode a vida ativa,Giselda Gil 12:15


Quando nasci de uma cesariana agendada, as primeiras palavras de boas-vindas que recebi da minha mãe ainda grogue pela anestesia foram: "Coloca de novo! É feia demais! Ainda não está pronta!" Acho que ela estava na 34º semana de gestação e desde então carrego a essência de possuir uma existência inacabada. Não sou feliz, mas sou imensamente grata! A vida naquele instante foi me dada de presente e minha alma já sabia o que minha mãe de maneira inconsciente reconheceu - eu nunca estaria pronta à lidar passivamente com um mundo como esse - caótico e desumano. Pelo meu inato fardo em (r)existir, em cordas bambas entre dores e delícias, sinto acima de tudo o quanto aprendi. Passaram-se os anos, colhi alguns traumas e danos, tornei-me mais reflexiva e potente. Sigo viva valorizando cada instante da vida ativa e a cada desafio me sinto mais criativa e forte - Consciente. As imposições nunca conseguiriam me deter, porém a resistência mantém-se firme e brava vinda do sul diretamente aqui pro norte. Ai de mim se bobear. E em solos onde o coronelismo predomina e delimita em ditaduras as fronteiras de expansão das cabeças pensantes, desde que cheguei fui hostilizada pela minoria dominante. Falo desses preconceitos e dificuldade adaptativa em escala social, nem lhes conto como é difícil encarar relações mais íntimas, como as ditadas pela moral patriarcal falida machista da constituição padrão-familiar. Sinto que nasci pra romper as camadas da mentira, até que enfim, quem sabe um dia ou em outra vida, me libertar. Assim como ultrapassei as camadas daquele mundo-barriga, o meu grito de alerta por onde passo e posso terão que escutar! Injustos e criminosos, pelo menos pela consciência desperta não passarão! Carregando nas mãos a missão de ser o exemplo, fazendo da própria vida uma corajosa militância, meu coração aprendiz está em paz longe da arrogância. Valorizando cada percepção da Sagrada Infância. Preservando com a máxima dedicação das pragas corruptoras de essência, a minha preciosa criança. Não fosse os estímulos contrários à minha evolução, não fosse as dores em apenas SER e ter sido reprimida, não conheceria o sabor do improviso e o valor que tem à dúvida sobre a vida. Sem tesão não há solução! E por mais que arda a fogueira da inquisição, nenhuma dor competirá com o gozo contido no riso poderoso das Bruxas! - Eternas flores belas, mesmo enquanto murchas.
Ao empoderamento ancestral. Ao AMOR. A arte. À mãe natureza que protege em igualdade toda a diversidade de todos os elementos. À Capivara MarGinal - minha Deusa, força interior que me ajuda no eterno aperfeiçoamento. Aos amores amigos que cativo pela atração do bom pensamento. À todas as classes excluídas, aos povos indígenas, aos negros, às mulheres, aos periféricos, aos marginalizados, aos incompreendidos, aos homossexuais, transsexuais, travestis, crianças e demais espécies de essências coloridas em preservação. Aos instrumentos de apoio e à liberdade de expressão. Ao incômodo e à inquietação. Aos corações sensíveis e à todo poder das riquezas invisíveis. À magnitude da simplicidade. Ao aprendizado e à humildade. Às pedras, a forca, a fogueira, a prisão imaginária, às humilhações, perseguições e ameaças; às limitações de mobilidade, as demandas solitárias, à discriminação, à ilusória falta de tempo e até aos processos judiciais que tentam barrar meus ideais vitais.
<Quem QUER, FAZ>.
Aos opressores que insistem em barrar a correnteza do rio das pessoas que inofensivamente não seguem o fluxo robótico dos padrões impostos - dedico esse vídeo-reflexão feito no cemitério. Recomendado à todas as idades, sendo que a interpretação fica à critério. Lembrando que "ela dá pra qualquer um!" soa menos inapropriado do que a baixaria que entra na sua casa através da televisão. Luz, cores, câmera simples, essencial amigo querido (Michell), minutos corridos, nenhum ensaio, erros, risos, improviso e.. AÇÃO! 


"VIDA LOKA,
eu não tenho dom pra vítima. Justiça e Liberdade, a causa é leGítima!" 


Mortus Moratis - Minas Novas - MG, abril/2015


"Geni e o Zepelim é uma canção brasileira, composta e cantada por Chico Buarque. A letra descreve a longa história que define o episódio ocorrido com Geni, uma travesti (segundo representado na Ópera do Malandro), que era hostilizada na cidade. Diante de uma ameaça de ataque de um Zepelim, o comandante se encanta com os dotes de Geni, que acaba sendo provisoriamente tratada de um modo diferenciado pelos seus detratores. Passada a ameaça, ela retorna ao seu dia-a-dia normal, no qual as pessoas a ofendiam e excluíam, revelando o caráter pseudo-moralista e hipócrita da sociedade.
A canção teve tal relevância que o refrão <<Joga pedra na Geni>> se transformou numa espécie de bordão, indicando como Geni pessoas ou até mesmo conceitos que, em determinadas circunstâncias políticas, se tornam alvo de execração pública, ainda que de forma transitória ou volátil."

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Making Off - Gigi e o Zepelim

Uma resposta arteira ao coronelismo impositor de uma cidade do interior...


Mortus Moratis - Minas Novas - MG, abril/2015











          Lapidando a nova mina.
Aos que assim como eu, desejam virar purpurina.
Nada de gótico e trevas! Por mausoléus mais coloridos!
Qual o lugar da cidade mais pacífico e tranquilo?
Onde dá-se a impressão de que somos todos iguais, filhos da mesma terra que tanto nos come como nos traz?
Pra onde vai toda ostentação, vaidade, orgulho, arrogância, hipocrisia e a persona covarde da ação arrependida?
Onde refletimos o cuidado não feito, a ausência, a palavra calada, a declaração de amor escondida?
Qual lugar em nossa cultura nos faz refletir o valor que tem o respeito a vida integralmente viva?

Pois bem...

Máximo Respeito a todas as almas em repouso!

Mortus Moratis - Minas Novas - MG, abril/2015

  À magnitude da simplicidade / ao sagrado improviso /  a ilusória falta de tempo/ 
quem QUER, FAZ. - Giselda Gil 09/04 - 15:45



"If the sun refuse to shine,
I don't mind, I don't mind..." Jimi Hendrix

Dormir às 9, acordar às 6 e se manter em pé sonhando.
Chegar do trabalho, colocar a cria pra dormir o soninho da tarde e continuar sonhando enquanto come, enquanto banha, enquanto corre. O sonho me percorre. Ligo pro amigo e ele mesmo sem entender, topa meu projeto. Ufa, o primeiro passo já dei: criei e ganhei um companheiro! Me arrumei rápido sem saber qual seria o figurino enquanto o amigo acabava de passar a limpo o roteiro. Na saída minha mãe diz: Vocês vão fazer filmagem embaixo desse sol? - me veio aquela sensação alaranjada e cara suada dos diretores, atores e toda equipe que filmaram no deserto do nordeste. Uau, que desafio quente! À caminho da praça decidíamos o cenário e concordamos que teria muito barulho de carro e nenhuma sombra perto da forca na frente da gruta e ele diz: só se você quiser no cemitério... e eu: era lá mesmo que eu tava pensando, será que pode? Fomos e pedimos permissão para o coveiro, o qual nos recebeu com simpatia e alertou que se não fosse pra fazer coisa ruim, podíamos ficar à vontade. Mesmo cheia dos apetrechos e badulaques, tentei deixar claro que não era macumba, mas não neguei que se tratava de um trabalho. Oh quanta paz tem na morada dos corpos mortos, quem dera toda cidade de barulho e seres inúteis fosse assim!

Mortus Moratis - Minas Novas - MG, abril/2015
 Foi lá que encontramos o espaço perfeito para acolher todas as ideias que me acompanhavam dia e noite até a realizAÇÃO. Também não sabia como na prática funcionaria, mas em sintonia com o amigo fez-se harmonia o sagrado improviso presente em nossas mãos. Entre túmulos e covas, pisando a terra que decompõe os corpos, sentindo a presença das mensagens de incentivo que vem do além: 
"Vivam cada momento intensamente, escrevam a história com consciência e emoção enquanto há tempo, meus jovens! Vivam a brevidade e eternizem-se... Vivam e façam bom proveito desses corpos que lhes habitam!!! Vivam!!!"

Mortus Moratis - Minas Novas - MG, abril/2015
Risos, vento, papéis fugindo, luz do sol que desapareceu, tempo que fechou de repente, reflexões sobre o valor da vida e os mistérios da morte. Algumas poucas horas registrando a arte e agradecendo ao resPirar e atrair tanta sorte. A leveza caÓtica do simplesmente ser. Brincar, sorrir, contemplar, agir...viVER até AMORrer! Em breve compartilho o reGistro filmado, mas agradeço imensamente a vida ativa que me habita e à todos que acompanham, apoiam, acreditam e dividem comigo o desejo oportuno e gritante na liberdade de expressão da Capivara MarGinalque vos fala! Àqueles que vêem com bons olhos a manifestação da minha alma, quando essa tem compromisso com todos os tons e cores do belo - de dentro pra fora - de fora pra dentro - rumo ao eterno aperfeiçoamento. Conforto e aceitação aos corações inconformados pela morte sempre presente que "caminha ao meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar". Aos que se incomodam pelo meu jeito de ser, lamento. Estou fazendo por mim o que vocês não vivem por vocês. Aos amigos receptores atentos, logo receberam mais mensaGis ;) Gratidão dom! A transmissão do Amor, só tende a expandir. Ao infinito e além...

Mortus Moratis - Minas Novas - MG, abril/2015
Beijos,
Gigi e o Zepelim :*

Fotos e vídeo com câmera digital simples: Michell M. Evangelista

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Aprendendo a voar, VOANDO

Pintura - Arlindo Maciel
Voa ave voa
Me ensina o teu vôo
Ou mostra pelo menos
Um pouco do teu canto
Plana nessa brisa
Me ensina o segredo
Me diz, não tenha medo
Que eu sou teu amigo
Te mostro o perigo
Dessa gente toda
Me ensine o encanto
Destas tuas asas
Me leva prá longe
Do cheiro destas ruas

Voa ave voa
Me ensine a beleza
Dessa vida solta
Me ensine a pintura
Dessa natureza
Me mostra a tinta
Risque esse detalhe
Na tela do espaço
No claro do céu
Te empresto o pincel
Tu traças o verde
Mas deixa que eu coloque
O cheiro do vento
Completa o movimento.

Tarja Branca



Lindo! Sensível!
Acolhedor à tudo que penso e sinto:
Brincar é preciso, viver não é preciso!





"Onde está nosso espírito lúdico?
Qual o lugar do brincar nas nossas vidas? 

Os remédios tarja preta parecem ser a cura imediata para ansiedade, insegurança, medo e depressão. Mas o que aconteceria se colocássemos uma dose de tarja branca no nosso dia a dia?

Por meio de reflexões de adultos de gerações, origens e profissões diferentes, TARJA BRANCA, dirigido por Cacau Rhoden e produzido pela Maria Farinha Filmes, explora o conceito de espírito lúdico, tão fundamental à natureza humana, e sobre como o ser humano contemporâneo se relaciona com ele."



"A gente nasceu pra ser gente!"













"Quem brinca é mais feliz"


"Mais humor por favor"


"Quem canta seus males espanta"












"Brincar para não desumanizar"












"Pé no sonho"


"O ser humano pode se transformar em tudo"



"Memórias da Infância"