sábado, 26 de julho de 2014

VIII

Tudo o que se há de dizer aqui sobre capivaras, nem as mentiras podem ser comprovadas. Se esfregam nas árvores de tarde antes do amor. Se amam sem ocupar beijos. Excitadas se femeiam por baixo dos balseiros. E ali se aleluiam. O cisco das raízes aquáticas e a bosta dos passarinhos se acumulam no lombo das capivaras. Dali se desprende ao meio dia forte calor de ordumes larvais . No lombo se criam mosquitos monarcas, daqueles de exposição, que furam até vidros e abaixam pratos de balança. 
É vezo de dizer-se então que capivara é um bicho insetoso. Porquanto favorecem a estima dos pássaros,sobretudo dos bentevis que lhes almoçam larvas ao lombo. Coisa que todo mundo gosta, tirante as capivaras, é de flor. Pelo que já não entendo, existem razões particulares ou individuais que expliquem 
tal desgosto das capivaras por flor? Todas 
guardam água no olho.

Livro das Ignorãças
3ª Parte / Mundo pequeno
 Manoel de Barros
Capivara MarGinal - MG Jul/2014
E foi assim que este Mago me roubou,
 na primeira vez que abri o livro que o amigo me entregou.

A primeira palavra: CAPIVARA.
A página: 91.

Paulo Leminski ganhou um companheiro dentro do meu coração de poeta 
e aqui boaquiaberta sinto neste julho azul o quanto eu e Manoel de Barros temos muita coisa ou quase nada em comum.

Giselda Gil, Capivara MarGinal.



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