quinta-feira, 1 de maio de 2014

Estudando / Refletindo

"(...)Está demonstrado que a falta de atenção leva a hiperatividade da criança. Mas, atenção não é superproteção. A criança gostaria de aventurar-se na cidade sozinha. Aí é importante a presença do adulto. Ele não precisa estar segurando a mão da criança todo o tempo. As crianças gostam de liberdade e de atenção dos pais, mas não gostam de superproteção e, muito menos, de vigilância.
Há duas palavras latinas muito importantes quando falamos da criança: infans e ingenuus. Infans significa “sem fala” e ingenuus significa “nascido livre”. Na verdade trata-se de duas concepções da infância. A primeira nega à criança o direito à fala, a expressar sua vontade, seus direitos; a 
segunda busca entender a criança como um ser livre, em construção permanente de sua liberdade. A criança tem necessidade de liberdade. A educação formal, escolarizada, muitas vezes burocratiza o saber.
Os adultos escutam pouco as crianças; perderam a relação de alteridade em relação a elas. É uma cultura da dependência. As escolas trabalham com a homogeneidade diante da diversidade das crianças. 
E ignoram ou desqualificam o saber delas. O direito da criança é o direito de realizar suas aspirações, o direito de ter esperança, o direito de não ler o livro que não ama. Porque aprendemos quando temos o desejo de aprender. A criança gosta mais de aprender na rua do que a escola. Às vezes tenho a impressão de que as crianças vão para a escola para se livrar dela. Na rua a criança pode fazer suas próprias regras.
Aí ela pode exercer seu direito de sujeito normativo. Na escola as regras já vêm prontas. Ela tem que obedecer e não criar regras. A criança faz espontaneamente a relação entre o formal e o não-formal. A escola precisa de regras claras, mas pode abrir-se mais para a cidade, aprender na cidade, da cidade. E aqui se coloca a questão que vem a seguir. "

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